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Ciúme do irmão mais velho: como lidar?

A chegada da primeira criança em casa mexe com toda a estrutura da família, mas a chegada do segundo bebê movimenta ainda mais. Além disso, quando nasce um irmão, nasce também o ciúme. Isso é completamente natural. As mudanças são intensas. O corpo da mãe muda, a casa precisa ser reconfigurada e o filho mais velho começa a lidar com novas emoções. No meio do percurso, ele é preparado para receber o membro mais novo da família. Por vezes, demonstra felicidade, mas pode também apresentar sinais de regressão, quando, por exemplo, volta a querer a chupeta, dormir na cama dos pais ou não controlar a micção. Frequentemente, nos consultórios pediátricos, os pais relatam tais alterações dos filhos, acreditando serem decorrentes de problemas físicos. Entretanto, esses são os efeitos do nascimento de um irmão, ou seja, trata-se de uma questão mais psicológica do que física. Dessa forma, este artigo foi preparado sobre o tema, para os pais que se identificam com a situação e não têm conseguido lidar com o ciúme que o irmão mais velho tem do caçula. Confira algumas sugestões baseadas no método Brazelton e, também, em minha vivência como pediatra.

Prepare o irmão mais velho para a chegada do mais novo

O diálogo é sempre o melhor caminho. Sendo assim, converse com o filho mais velho sobre esse momento e reforce o quanto vai ser bom ter a companhia de mais uma criança em casa. Mostre que ele já foi bebê, procure saber o que ele pensa sobre o assunto e como ele está se sentindo. Se, contudo, ele sinalizar insatisfação, medo ou tristeza, respeite sua dor e faça-o se sentir seguro, reforçando positivamente que ele não perderá nada, apenas ganhará um irmão.

Inclua e envolva o mais velho na recepção do mais novo

Desde a gestação, procure incluir o filho nos preparativos para receber o irmão. Peça ajuda, por exemplo, para escolher roupinhas, sugestão de nomes, estimule-o a conversar com o bebê, entre outras atitudes que o façam sentir parte do processo. Quando o bebê nascer, solicite pequenas ajudas, como pedir que busque uma fralda.

Demonstre o amor por ambos

A tendência é que o filho mais velho se sinta esquecido no momento em que o bebê  nasce, pois todas as atenções se voltam a ele, que precisa muito da mãe para as mamadas, trocas, etc. A sugestão para esse momento é demonstrar o amor por ambos, manter o mesmo cuidado que sempre teve com o mais velho, cumprir os acordos, demonstrar carinho e aproveitar ao máximo todo o tempo que tiverem juntos. Uma vez que a mãe tem que se dedicar ao menor, é interessante que o pai esteja focado na atenção ao maior.

Respeite as individualidades

Evite a padronização. Cuidar dos dois filhos e demonstrar amor por ambos não significa que a educação deles deve ser uniformizada. Tenha em mente, portanto, que são dois indivíduos distintos, com preferências e necessidades específicas. Cada um deve ser tratado com respeito às individualidades, porque estão em fases diferentes. É um erro, por exemplo, na fase da introdução alimentar do menor, voltar a dar alimentos pastosos para o maior.

Acalme as brigas com sabedoria

As discussões, provocações, competições e brigas entre irmãos são muito comuns e podem levar os pais ao desespero, principalmente se houver agressões. De acordo com os doutores Brazelton e Sparrow, ainda que isso aconteça, por outro lado os  irmãos aprendem uns com os outros e constroem relações sólidas, verdadeiras e profundas para o resto da vida. Cabe aos as pais saber acalmar as brigas ferozes e ajudar a formar uma relação íntima e amigável. Primeiramente, é importante manter a calma, respirar, controlar o tom e não usar violência. Agressividade não se corrige com agressividade. A bronca até pode parar a briga, mas não resolve a causa. Busque saber o que está acontecendo e ofereça soluções. Além disso, estabeleça regras, imponha limites e faça combinados, pois essa prática ajuda a amenizar a frequência das brigas. Para completar, dialogue, incentive a partilha e a colaboração entre irmãos. Ensinar a dividir e ajudar é algo valioso não apenas para as relações fraternas, mas para a vida. Outro detalhe importante consiste em observar as atitudes do mais novo. Evite o hábito de protegê-lo excessivamente e punir o mais velho. É preciso ser justo e, se o mais novo provocar ou agredir o mais velho, atitudes devem ser tomadas.

Busque ajuda

O ciúme entre irmãos é aceitável até certo ponto, mas o ideal é buscar ajuda especializada se as coisas fugirem de controle. Procure suporte pediátrico e psicológico, se as brigas forem frequentes e marcadas por beliscões, empurrões, puxões de cabelo e mordidas. Outro sinal que indica a necessidade de auxílio profissional é a hostilidade excessiva com a mãe. Preocupe-se com frases agressivas, mudança de personalidade, apego excessivo, problemas na escola, mau humor que não passa, bem como desobediência demasiada. Observe se a criança passou a apresentar tiques, relutância e não mais consegue controlar a micção e evacuação. Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como pediatra e pneumologista em Cuiabá!
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